quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Solstício de Saudades... (28/06/2011)




De cima do Equador 
Observo, tristonho, a cidade...
Inquiro a Deus onde ficou
Meus sonhos de mocidade?!

O solstício de verão é sevo...
Incide sobre a alma enrugada,
E o meu olhar se fecha cego
Da melancolia irradiada...

Entreabrem solidões, e abaixo
Do monumento petrificado
Reflete o sol, delgado facho...

Sonhos redivivos no Equador...
Na lembrança guardados
No esplendor que Deus criou...

(P.O.Velásquez)

sábado, 28 de julho de 2012

O Outono de Nós Dois... (01/06/2010)


Naquela tarde de outono
As folhas esvoaçavam pelo chão...
Carregavam com elas os teus sonhos...
Deixavam comigo a solidão...

Amarelo fulgor, sem igual...
Folhas - pela aragem fria -, varridas...
Folhas de abril na tarde outonal
Sobre o frescor da terra, caídas...

Em amarelas nuanças fulgiam vazias...
Fulgiam carregando a beleza...
O que restou de todos os meus dias...

Naquele outono, na frialdade da tarde,
Bem eram tuas as tristezas...
Bem eram minhas as saudades...

(® P.O.Velásquez)

domingo, 15 de maio de 2011

Um Buquê de Cravos Como Adeus... (17/04/2011)

Um buquê de cravos tristes,
Órfão dentro de um vaso vai assim abandonado...
Órfão buquê que a saudade insiste
Em deixar sobre o teu caixão depositado...

Desculpe-me por não serem cravos exuberantes...
São flores murchas da última estação...
Os mais belos cravos colhidos bem antes
De avançar sobre mim, a solidão...

Todo o cemitério vai mergulhando nas sombras...
E dos cravos, as pétalas fanas
Vão formando fúnebres alfombras...

Dou-te adeus num buquê despetalado...
Num buquê que rola pela grama,
E que melancolicamente se desfaz ao ser tocado...

(P.O.Velásquez)

quinta-feira, 8 de julho de 2010

A Vida é Feita de Despedidas... (22/06/2010)

A existência é feita de despedidas...
E viver é como se despedir em um grito mudo!
E despedir-se da vida, das coisas vividas!
É existir como um fantasma jazendo nisso tudo!

No ventre materno, a expectativa é singela...
Nasce-se esperando a morte!...Dolorosa agonia!
A certeza de compreender que é ela!
Que um dia haverá de nos fazer companhia...

Somos assim, na vida: “Nascemos e morremos...”
Morremos, a cada dia, como vassalos!
Aprisionados a essa fatalidade que não cremos!

Vivemos, nesta terra, em passagem para o além!
E dizem: “a morte vem a cavalo!”
Mas tenho certeza que ouço o apito de um trem...

(P.O.Velásquez)

terça-feira, 20 de abril de 2010

O Que Anseio... (09/04/2010)

Anseio as tardes funéreas,
Dos cemitérios a calmaria, a solidão...
Contemplar as folhas, aéreas!
Esvoaçarem do cipreste, ao chão...

Deitar sobre a fria lousa em lassidão...
Repensar o mundo com clareza!
Imergir dentro d’alma, compaixão!
E deslembrar toda a minha tristeza...

Tudo é tranquilidade!...E quietude...
No cemitério, a paz é feral!
Como me foi - um dia -, a juventude...

Descansar!...Deitar com as saudades...
Esquecer que tudo é igual!
Ao silêncio que impera com a idade...


(P.O.Velásquez)

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Os Cigarros de Irene... (14/01/2009)

Bem sou a tosse seca!...O desprezível escarro!
Sou os alvéolos mais necrosados... Ó Irene!
Sou eu - bem tanto -, as baganas dos cigarros!
Que tanto te amortalham o corpo doente...

Sou eu!...E tanto!...E mais!...O vil cigarro,
Que fere teu corpo!...O enfisema, lá no fundo!
Dos roucos gemidos, sou o pigarro,
Que irrompe do teu sono mais profundo!

É muita, e tanta a fumaça que no quarto flutua!
Um!...Dois!...Três!...Quatro cigarros!
Irene os acednde, assim, com desenvoltura,
E cospe no assoalho o vil escarro!

Dos lábios, vou-te sufocando num finado beijo!
Das mãos, vou-te ao pulmão, num trago!
Na vida!...Sou teu último desejo!
Na morte!...Sou teu último escarro!

(® P.O.Velásquez)

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

A Nossa Despedida... (23/11/2009)

A chuva molha as vidraças,
E surgem refletidas,
As lembranças...

E no opaco vidro,
Que nos fulgiu uma existência tão dolorida,
Não nos reconhecemos mais,
Quem diria!
Que as horas passaram assim por nós, toda a vida...

E seguimos imersos num mar de águas sombrias...
E vão-se nos - os corações -, despedaçados...
E tanto as almas, vazias...
E inda os corpos, cansados...

No chão,
As flohas esvoaçam num espetáculo de monótona beleza...
E à solidão,
Tocam nossos rostos,
Em toda uma delicada tristeza...

As indecisões da vida!
Vão-se nos - dos olhos -, em lágrimas aspergidas!
E à nossa frente, surgem num fulgor, tão nítidas!

Um sorriso...
Um olhar...
Fantasmas que inda insistem em nos assombrar!

Da vidraça embaçada, em tênues rostos, o fim...
A chuva fustiga as janelas!
Deságua a tempestade, enfim...

E em lágrimas, segue à tarde num chuvoso carpir...
E seguimos perdidos... As mágoas no rosto...
Cada um novamente si!
Cada um levando pedaços do outro...

Tentamos sorrir,
Mas, as lágrimas...
Elas insistem em cair!

(® P.O.Velásquez)