sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Os Cigarros de Irene... (14/01/2009)

Bem sou a tosse seca!...O desprezível escarro!
Sou os alvéolos mais necrosados... Ó Irene!
Sou eu - bem tanto -, as baganas dos cigarros!
Que tanto te amortalham o corpo doente...

Sou eu!...E tanto!...E mais!...O vil cigarro,
Que fere teu corpo!...O enfisema, lá no fundo!
Dos roucos gemidos, sou o pigarro,
Que irrompe do teu sono mais profundo!

É muita, e tanta a fumaça que no quarto flutua!
Um!...Dois!...Três!...Quatro cigarros!
Irene os acednde, assim, com desenvoltura,
E cospe no assoalho o vil escarro!

Dos lábios, vou-te sufocando num finado beijo!
Das mãos, vou-te ao pulmão, num trago!
Na vida!...Sou teu último desejo!
Na morte!...Sou teu último escarro!

(® P.O.Velásquez)

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

A Nossa Despedida... (23/11/2009)

A chuva molha as vidraças,
E surgem refletidas,
As lembranças...

E no opaco vidro,
Que nos fulgiu uma existência tão dolorida,
Não nos reconhecemos mais,
Quem diria!
Que as horas passaram assim por nós, toda a vida...

E seguimos imersos num mar de águas sombrias...
E vão-se nos - os corações -, despedaçados...
E tanto as almas, vazias...
E inda os corpos, cansados...

No chão,
As flohas esvoaçam num espetáculo de monótona beleza...
E à solidão,
Tocam nossos rostos,
Em toda uma delicada tristeza...

As indecisões da vida!
Vão-se nos - dos olhos -, em lágrimas aspergidas!
E à nossa frente, surgem num fulgor, tão nítidas!

Um sorriso...
Um olhar...
Fantasmas que inda insistem em nos assombrar!

Da vidraça embaçada, em tênues rostos, o fim...
A chuva fustiga as janelas!
Deságua a tempestade, enfim...

E em lágrimas, segue à tarde num chuvoso carpir...
E seguimos perdidos... As mágoas no rosto...
Cada um novamente si!
Cada um levando pedaços do outro...

Tentamos sorrir,
Mas, as lágrimas...
Elas insistem em cair!

(® P.O.Velásquez)

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Beijos de Vinho (02/05/2009)

Escorre pelos lábios, tão doce...
E em tão lábios avermelhados!
Esvai-se, como se tanto o fosse!
O beijo mais apaixonado...

Em deleite, escorre pelos seios!
E na ternura de enlevadas taças!
Muito te emborcam com anseios!
Por sobre a pele que perpassas...

Vai fundo aos seios, em carícias!
Frio!...Gelado!...Ardente frenesi!
Afaga as aréolas, com malícias!
No aroma aspergido de "per si"...

Que sabores em lábios tingidos!
Tão vermelhos!...Tintos marfins!
Aromas intensos!...Tão vívidos!
Em taças imersas em carmins...

Provar nos lábios, todo o querer!
O hausto do desejo encorpado!
A leveza de todo um bel-prazer,
Que se alça do aroma delicado...

Teus lábios tintos!...Teus seios!
Vão embebidos em vinhos raros!
E por carícias... Todos cheios!
Vão-se me aos lábios tão castos...

(® P.O.Velásquez)

domingo, 7 de fevereiro de 2010

* Per Faz Et Nefaz (09/11/2009)

Bem ela me é, um triste anjo!
Um anjo adormecido!
Um inefável anjo,
Suspenso sobre o meu jazigo...

Um anjo!...Pendente visco!
Aberta as asas!...Marmóreo par!
Por todos os meios, proibido!
Proibido de voar...

Presas as asas... De par em par!
Repousa sobre o meu jazigo,
Sem jamais, ao céu!...Se alçar...

E fica, toda tristonha, a chorar...
Ao anjo, tudo é pertido!
Só não lhe é permitido, voar...

(® P.O. Velásquez)

* Por todos os meios;
Por fás e por nefas;
Pelo permitido e pelo proibido.