sábado, 28 de dezembro de 2013

À Sombra dos Laranjais (Eu)


Vão-se me encerrados numa abóbada, os dias,
E tanto e mais, as horas...
Imergem em mim embalsamadas alegrias,
Do nascer ao morrer da aurora...

À sombra dos laranjais vou morrendo
Assim como morrem, de um ramo em flor, os pomos...
Morro que morro vergastado pelo vento
Ao sabor das almas que me revolvem os sonhos...

Precipitados do pomar os sonhos mais maduros
Melancolicamente passam ao chão,
Assim como a vida passa com passos obscuros
Que tanto modificam sutilmente o coração...

Ora, mas o que me é a vida, assim, no viver à sombra,
Se não a dor que me dói mais?!
Se não o vento que balança tão esplêndida alfombra
E que ecoa à fina flor dos laranjais!

Não me vem à lembrança o orvalho da aurora ensolarado,
Não!...O que me vem são os lamentos doridos
Dos laranjais que perfumam os campos nunca sonhados
E os frutos nunca colhidos...

(P.O. Velásquez - 28/12/13)

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