quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Companheiras e Sequazes

“(...)Nascida em tão esplêndido recanto, não foi o meu nascimento anunciado por lágrimas. Desde o primeiro instante, sorri graciosamente.(...)porque as duas ninfas mais graciosas do mundo Mete, a Ebriedade, filha de Baco, e Apédia, a Ignorância, filha de Pã, me deram o seio. Podeis vê-las aqui, entre minhas companheiras e sequazes.
A propósito, porém, das minhas sequazes, convém que eu vo-las apresente. A que vos contempla com arrogância é o Amor-próprio. A que possui rosto gracioso e mãos prontas para aplausos é a Adulação. Aqui vedes a deusa do Esquecimento, que se abandona ao sono e parece já dormir. Mais longe, a Preguiça cruza os braços e se apóia nos cotovelos. Não reconheceis a Volúpia, com as suas grinaldas, as suas coroas de rosas, e as deliciosas essências que a perfumam? Não vedes uma que por toda parte lança olhares impudentes e dúbios? É a Demência. Essa outra, de pele luzente, corpo volumosos, gordo, é a deusa das Delícias.(...)Com o auxílio de tão fiéis servidores é que submeto ao meu domínio tudo quanto existe no universo, com eles é que governo os que governam o mundo.(...)”

O ELOGIO DA LOUCURA
Erasmo de Roterdã
1508

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