sábado, 7 de fevereiro de 2009

Essas Gentes Urbanas

Essas gentes das cidades grandes passam por mim tranquilamente, e alheias a tudo, vão caminhando nas suas calçadas, imersas nas suas covardias, nos seus medos, nas suas mesquinhez, nas suas avarezas!
Não olham nem vêem nada. Simplesmente seguem sem ir nem vir. Ou se vão, não sabem aonde, e se voltam, não sabem de onde.
Não vivem. Seria melhor dizer que vegetam, sim, mas não o vegetar dessas árvores prenhes da natureza, não! Estas, apesar de estarem plantadas, ligadas a terra, muito se desenvolvem com força, enquanto essas gentes, elas vivem sem ânimo, sem interesse objetivo ou subjetivo, a não ser o de subirem o mais alto possível na vida, mas, para que? Para no final se atirarem dos seus arranha-céus para o nada? Talvez...
Essas gentes vivem à sombra de outras gentes mais poderosas! Essa a condição dessas gentes urbanas, não todas, que toda regra tem sua exceção, mas a maioria é assim! A maioria quer a glória do poder e isso a qualquer preço! E o preço cobrado é muito alto, tanto quanto a altura dos seus edifícios! E ainda tem a queda, e tudo o quanto essas gentes não sabem, é que a queda também pode ser bastante alta, tal como a queda abstinentemente vertiginosa da bolsa numa segunda-feira de “crack”.
Essas gentes urbanas assistem aos últimos lançamentos do cinema nas suas televisões de plasma liquefeito, e vêem o que ainda não viram as outras gentes, e divertem-se solitárias consigo mesmas, dentro da segurança dos seus cinzentos apartamentos de mil metros quadrados, e depois, partem satisfeitos para o “happy hour”, e comentam com os amigos o que não entenderam e sorriem nas suas digressões mais mesquinhas, saídas das páginas da edição mais atualizada da “Vanity Fair”, só para dizer que estão ligadas as recentes notícias de um mundo mais urbano.
E quando o celular começa a tocar, sacam à última palavra em tecnologia, a última geração que já finda, e começam a falar, falar e falar, e com dedos obtusos vão teclando números complexos nas teclas inefáveis do aparelho já tão extenuado pela mortandade das palavras que é obrigado a transmitir na futilidade dessas conversas vazias.
Essa gentes vão num lutar frenético, num passar circunflexo, num “sobre-toque” amplexo, tanto faz, são indiferentes uns aos outros, só enxergam os seus próprios umbigos, alguns rechonchudos, é bem certo, quando não, “lipoaspirados”.
E quando obrigadas pelo tempo ou pela situação que criaram se “compromentem” com seus pares a se internarem em clínicas de reabilitação dissimuladas, a fim de tratar das suas dependências cínicas, das suas cleptomanias frígidas (cadê minha carteira?), das suas obesidades flácidas, e o médico os atende sorridente – tem que sorrir mesmo, afinal, tem muito dinheiro envolvido -, e essas gentes pagam os olhos da cara (plastificada, é bem verdade. - Doutor tem uma ruga aqui, olha!) para mostrarem que está tudo bem, quando na calada da noite, ou do dia -como queiram -, voltam a fazer tudo de novo e de novo e de novo!
Essas gentes urbanas são assim...

(P.O.Velásquez - 06/02/09)

Nenhum comentário:

Postar um comentário